“Analista de brejol”
Rio de Janeiro; 08:30; 19 de dezembro de 2012; já. Meu nome é Orlando e sou um sapo comum até certo ponto. Minha estoria vem de longe mas vou resumi-la; Quando nasci minha mãe me disse assim, meu filho, quando você coaxar, coaxe com cuidado, pois seu gogó é muito fino e você tem que relaxa -lo quando cantar. Isso é para que fique com voz de homem e todas as sapinhas te queiram dar. Sapo que tem muita sapinha por perto se da bem, pois elas cantam fininho e os mosquitos passam perto e é só comê-los; sacou, meu filho? _ Sim, mamãe._ Eu lhe disse e danei a relaxar e cantar. Como eu controlava a minha voz, os sapos de perto morriam de inveja de mim e teve um, que era líder, que de tanto relaxar pra cantar grosso, peidou pavorosamente e se cagou todo... Foi uma desmoralização para ele, sua família não me perdoa até hoje e daquele brejo me mudei. Bem, eu, com minha voz educada, tinha autonomia e para onde eu ia agradava. As sapas todas corriam para o meu lado e comíamos muitos mosquitos. Tudo começou a ficar estranho quando chegou o mês das chuvas e as sapinhas começaram a me olhar estranhamente... Fiquei intrigado com aqueles olhares, passei a cospir mosquitinhos para elas, pois pensei que elas queriam me arrancar pedaço, e nessa confusão me distraí dos cuidados com a minha voz. Foi quando apareceu de não sei onde; um sapão que dava dois de mim! Escutamos uma barulhada vinda do matagal de traz da gente, as sapas ágeis pularam nágua e as velhas ficaram testemunhando a tragédia: O sapo grande pensou que eu era mulher. Isso posto, depois de satisfeito, me empurrou de lado, ainda agarrou uma coroa que estava perto, não deu conta e foi pisoteando nosso charco pelas margens, fazendo toda a população pular; uns para cima e outros para baixo; fora os que caíram na água. Daí... Sobrou aquele silêncio... A água batendo marolas e pelos reflexos dos relâmpagos eu via os olhos, muitos e de diversas expressões! Todos fixados em mim... Até foi bom, devo confessar, pois aquilo me deixou em transe e a rede de olhares me segurou no ar enquanto eu descia do susto lentamente e fazia o levantamento dos estragos. Bem, como eu prometi, esta historia seria curta e fui estudar o fenômeno das vozes; Descobri que os cantores usam ponto nas orelhas; os famosos: “retorno” e assim fazem muito sucesso. Comprei um também e cada vez que minha começa a afinar, eu percebo e a corrijo. E ASSÌ ÈS LA VIDA. Ah! Sorrie! O analista! Sim...! Foi ele que me deu a dica do “retorno” se bem me lembro, acho que foi isso, não sei direito. Hoje em dia, a gente tem que comer muito mosquito; e não da tempo de ficar parado pensando. SORRI You Give Me Fever-Lili St.Cyr Tribute |
www.cineminuto.com.br..."Plastic surgery" 11:31; 19-12-2012; 4af.um ...outro ...viaduto para o Humaitá, 2012. |