"novaTuia"; 10/03/2022,5af. 09:24h.

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2022, jan. 08.
Petrópolis.

“SapoDoOco”
Do oco desse toco, penso entrecortado com as chicotadas de outro sapo mais ouvido e no caso; sapa.
Talvez ela não demore muito em sua mensagem e eu possa ficar sozinho e pensando.
Aqui nesse oco os pensamentos reboam!
Agora começou um lenhador que pensa que é artista e o pior é que é. Ele bate o machado na madeira e assobia.
Daqui de meu oco percebo tudo e não são suas batidas a espantar os passarinhos.
Uma das coisa que aparecem aqui no oco do toco, são lembranças. Elas agora estão sendo
cortadas pela passagem de um Lada que é um carro russo…. Muito embora, pelo som poderia ser um carro polonês.
A Polônia tem carro?
Bem, agora passa um abelhão desses do ronco grosso e bem alimentado. Esses abelhões
pensam que todo mundo tem medo deles e tem mesmo mas o medo pode ser um amigo
embora venha rebatendo uma pedrinha de areia dizendo que o medo é um mau conselheiro.
Essa pedrinha voou do levanta poeira que o bichão fez no deslocar de vento!
Impressionante! Um cisco.
Devo ter mexido com o nível da cabeça e agora qualquer coisa está entrando!
Hoje deve ser dia de piquenique! Qualquer coisa entra no meu campo de escuta e
minhas palavras e ruídos implodem.
Vou ter coragem e sair da inércia; vou me mexer!
Me mexi! Tudo mudou, esse oco em que habito tem qualidades indispensáveis a um sapo do oco do toco;
nós estudamos acústica e projeção de voz; conosco, um miúdo gemido bem jogado nas superfícies do oco,
aparece lá fora como rugido! Assim ao menos pensamos, nós, os sapos dos ocos dos tocos.
Um probleminha que às vezes não conseguimos controlar é o da projeção indistinta ou
mesmo rombuda e desinteressante que invade nosso lar. Nesse caso, temos que posicionar a cabeça e às vezes,
o corpo todo de forma a selecionar o ruído aproveitável. Já, quando tudo está normal e sintonizamos o maxilar e os buraquinhos auriculares com o formato do oco,
é uma beleza! Do fundo dele enxergamos as montanhas e refinando a posição captamos um reflexo de um parente.
Apurando a sintonia, sua reflexão.
São milhares de sapos do oco do toco! Todos sintonizando geometrias.
Os mais jovens, daqueles que saíram há pouco das tocas dos pais, procuram por sons e
batidas de outros aventureiros.
Se apurarmos bem os nossos ouvidos escutaremos milhõeszinhos de comé que tá?! A natureza é bela.
…
E dormi.
Acordei num enjoo certamente por causa da posição e um cachorro latia; latido feio,
desagradável e eu não conseguia botar a mandíbula em sintonia. Quando consegui,
os ouvidos dispararam um zumbido… Foi algo que eu comi. Só pode ter sido.
Com paciência ajeitei a cabeça, tentei entender o porquê daquele latido; então o
cachorro parou de latir e comecei a pensar por que razão o animal se expressava daquela forma.
Pensei muito e minha conclusão foi ouvir outras coisas.
Talvez ouvindo e ouvindo, uns ruídos expliquem outros.
Um pensamento cruzou o silêncio da minha toca: Estou preso em analisar; em descobrir o
espinho na pata do cachorro do latido doloroso. No latido havia tudo mas não vou reproduzi-lo.
Melhor será saber e explicar meu desconforto. Falando em desconforto, melhor é sair um pouco.
meu deus; o quê leva um cachorro a latir daquele jeito? Mas; como eu disse, vou e devo sair um pouco!
...
segunda feira… já é o segundo dia da semana. Que surpresa! Passei o dia de ontem dormindo e
quando acordava era para constatar que estava chovendo e mudar de posição.
Sonhei muito! Quando a gente dorme sonha que está afundando e está mesmo; a gente passa do travesseiro,
a mão que estava embaixo se assusta e procura um corrimão, um bastão, um galho enfim!
Pronto; basta um barulho lá fora e estaremos salvos!
Acordamos com a folha sendo pisada; pronto! Alerta! Quem está aí?! Rugirei?
Não; pode ser alguém inofensivo e se for ofensivo não precisa saber de mim.
Melhor me levantar e espiar na borda do buraco.
…
02/02/22
Rugirei, rujo… não sei, me intrigou.
Tão bom ficar aqui esquecido da mídia, se bobear nem ar respiro… Uma vez, assisti um filme
em que um ser do futuro abre um ninho onde há um casal esqueleto.
Mas aí, a estória pertencia ao futuro e este eu já sou; o demônio é quando
aperta a fome; essa ainda é paga. Talvez, no futuro não o seja. Tipo assim,
um futuro pós furo negro, aquele em que a gente renasce e isso porque a comida
vem de graça. Assim pensamos, renascendo; mamãe provê.
Espero que as mães se divirtam na gravidez. Há de haver uma assim.
…
Enfim, tudo acaba. Até o prazer de aprender! Boas presas, tem a cobra; o jacaré e a onça, nem tanto; mas tem que correr!
Deve ter que comer o dobro depois de correr!
…
Salve!
…
Vidinha sem graça a minha. Hoje nada escuto; emiti uns pensamentos lapidados,
ricocheteei-os nas paredes do meu toco e bem mirei; prum lugar costumeiro de um meieiro.
Mas o meieiro não estava. Fosse um meieiro de verdade, estaria; afinal, qualquer rapaz de moto entrega!
Voluntariosos, autônomos. Fazem tudo por prazer e o prazer, muitos sabem, custa garras,
custa presas; no mínimo um colchão! Assim mesmo há quem coma palha [antigamente!], mola ou poliéster!
Há de haver… Quantos de nós comeu fibras, dessas modernas; inclusive das etiquetas antialérgicas!
…
Sinto que estou cansando… Lancei meu melhor a toa.
Porque fiz isso? Medo de atingir um passante; de levar uma cusparada… uma rejeição sincera.
Mas… mesmo Jesus disse que há sementes que caem erradas. Jesus nos avisou! Jesus nos mirou; a nós,
os aventureiros, os inconsequentes, aqueles que não acertam, aqueles que apenas se livram das sementes… e ;
até aqueles que lançam falsas sementes; os pescadores! O mal do pescador é ter que comer o peixe…
Ai, aquele troço cheio de espinho! Há peixes que também são falsos! Impressionante!
Não são peixes; são mídias! Insaborosos, venenosos ou quebram dentes! São cruéis !
Mecanismos para ingênuos. Máquinas desumanas! A fome o é.
…
Salve!
04/02/22
Voltei ao passado e fiquei pensando… A fome é desumana; ela é o tal desejo,
aquela turma que puxa a corda do outro lado!
Há uns, no lado de lá que ainda gritam: Não adianta lutar! Não adianta lutar
Eu sei-o; digo. Seio nojento que me foi imposto! Vim do Nirvana e me consolaram com aquela bola;
a massa sufocante; arg! Cá estou; desse jeito, metade vivo; a metade que empurra o seio!
Horror! Horror! Indecoroso, indecente! Mamãe não era minha.
Eu sapo querendo outra coisa, acordei com essa Alexia!
Alguém a trouxe na mochila e ficou escutando-a embaixo da árvore!
Deus me livre! Quem programou essa bola?!
Já ouvi dizer que uma bola dessas escuta a resposta da outra e soluciona o problema do estudante
que come o sanduíche embaixo da árvore!
Certamente é um estudante de psicologia; ah, só pode ser! Saiu da aula e veio comer esse papo!
E eu… não consigo sair desse oco. O leite é essa porcaria que me entra pelo cérebro! O outro.
…
Não vou chorar pois molho o madeirame e só consigo distorção; além de ter que me escutar!
Para me escutar não preciso do oco do toco! Saio por aí… Minto. Já tentei e não me dei bem.
…
Salve!
Data e hora, e segundos e miligrama da hora-mentira.
Mentira por mentira, prefiro a minha.
Estou ficando enjoado e vou mexer naquela tábua que está refletindo um ruído que
pouco atrapalha mas também não me carrega.
Não é uma bola falante mas não estimula e nada no meio da tralha.
Enfim; troquei de bola; esta tem algum sentido; ao menos, ritmo!
Mas também está enjoada.
Vou mexer novamente na madeirinha!
Hoje está difícil!
…

11/02/22
Tão desconfortável a vida magra que saí para comer, porém, ou eu não estava bem ou a comida, morri.
Acabei sonhando que não tinha nascido e ficava vendo tudo entendido; por dentro e por fora!
Via as moças na praia e uma traição política… Pensei assim:_ Continuo no tronco; no oco do toco…
Ai, meu santo cérebro! Que vontade de arrancá-lo do meio das orelhas!
Dizem que uma vez, uma velha asiática foi para o hospital, depois de muito tempo
sentindo algum desconforto e comichão na orelha…
Quando o médico botou aquela trombinha de lente no furículo da velha quase caiu para traz,
pois tinha alguns olhos olhando-o de lá… do fundo da caverna! Arg! Fez o médico
e a velha pensou que era fedor… mas era uma arainha!
Assustada e com mil olhos se recriminava de ter se lamentar por falta de companhia real,
daquelas autônomas, que a gente percebe que não são fantasmas e que não sabemos delas o que esperar!
O médico olhou novamente… Com muita cautela e assustou-se novamente ao constatar que
não era ilusão de ótica!
Bem; pensou… segurando a bacia… _ Véia, campo… ; Que vida! Uma aranha se aninhou ali._
Pensou bem e tacou álcool! A velha adorou e a aranha também! Foi uma morte caridosa;
o médico até quis conservá-la mas ela foi ficando branca e nojenta.
Enfim…
Consultório é isso aí.
Tem médico que diz que o que já tirou de gente é impressionante!
…
E eu, continuo no oco do toco… mesmo morto.
Quem testemunhará os sons que entram?! Ninguém; ao menos, quando eu era vivo,
emitia uns ruídos e muitas vezes me diverti quando alguém, sobre a toalha xadrez do piquenique… Dizia:
_ Ouvi um ruído!_
Eu sabia aproveitar o funil da minha toca; rá, rá; rá! Às vezes aproveitava-o de cheio e cantando fino.
Ah, que engraçado! Depois, atormentava um menino jogando bola ou uma moça pensando em João…
Rosnava grosso e jogava bem no espelho da esquerda; o que rebate na boca e amplia!
Era bem engraçada a minha vida.
Nos dias de chuva, no gramado não havia homens e a gente, dos tocos contava sonhos e experiências de manipulação.
Depois, a conversa passava a particularidades e foi assim, que um dia, eu me enganei e
falei de tabela com um marimbondo!
Foi um esturro só! O bicho não entrou aqui por não caber… Mas, que cabeção! Me assustou!
Não… como diz o escritor: _ Viver é muito perigoso!_ Pode crer, Rosa!
Daí, pequei uns livros, velhos, de assuntos passados, impressos e vendidos!
Fui deprimindo, deprimindo, passei a não me importar mais com as aparências,
ninguém me viu mais e… comecei a escrever garranchos no forro interno do meu oco…
O marceneiro nem vai reparar! Ninguém lerá…
É por isso e só por esse desesperar de quase morte que a gente acredita em deus;
naquela hora em que a gente desiste e chora; aliás, e justamente, um pouco antes!
Chega de trabalhar o nada! Chega de comer vento e chega de escutar apenas!
Meus olhos também existem!
…
14/02/22
Abri os olhos e vi… tudo embaçado, pisquei bem e percebi uma nesga de azul; entre azulado e azul lavado…
depois, certamente será azul profundo e incrivelmente azul. Mas agora vou fechar os olhos novamente.

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