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"evadical" 23/01/2017,2af. 10:06h.
Veja o anterior clicando no desenho.
Fonte da Saudade sossegada. Um antigo Outro
escutando a tempestade seca ao longe...
aqui no brejo, todo mundo de barriga cheia.
comemos ração distribuída.
em paz, com medo da ração dar estufamento que nos faria boiar de corpo inteiro.
no fundo do brejo há um povo que come o resto dos anfíbios; quando a tempestade chega perto, a
gente afunda e essa população do fundo se beneficia pois a ração fica mais geral e chega limpinha.
Acontece que quando a gente desce, fica meio tonta e tem que comer com várias opiniões; raríssimas as
que coincidem com as nossas. Por alí, no lodo fundo do brejo, a maioria tem razão; metade fica com uma e
outra fica com outra razão. O divertimento é apostar. É divertido. Ninguém quer morrer alí embaixo; inclusive eles
apostam muito no futuro dos mortos. Muito interessante é também, que os mortos não tenham a menor importância; desde
que estejam mortos e há apostas se, principalmente entre os anfíbios mortos, se o morto é de verdade.
Passada a tempestade seca, a gente sobe bem mais magros, alegres e solidários.
Uma vez, uma tempestade seca parou na superfície do brejo. Os anfíbios, desceram que aquilo queima e foram surpreendidos
com a ascenção de uma integrante das profundezas e houve um clamor! _ Salamandra! _ Muitos do brejo inteiro invejaram
o destino daquele ser. Nem na superfície ficou.
Nosso herói era filho de salamandra com anfíbio e começou a estranhar a regularidade da ração. Acabou descobrindo que
a ração era restolho de sucessivas plantações e o brejo inteiro começou a fazer tabelas coincidentes com as épocas e
tipos de plantações dos campos ao redor. Essa prática acabou virando a Economia do brejo. Um dia, todo o brejo sentiu um abalo.
Passaram a acordar com o horizonte leste, cada vez mais perto. O brejo, começou a perceber, cada vez mais, as tempestades provocando
terremotos e finalmente um imenso trator deu o carão insensível. Imenso!
Agora, descobriram que nada do dia a dia do brejo importava e que o trator estava aterrando o brejo, numa expanção dos campos plantáveis.
Os anfíbios pularam para oeste e começaram a correr, cada vez mais lentamente, para o oeste. Algumas salamandras, pererecas, caramujos e carangueijos;
os alcançaram.
Desculpe a bagunça, mas estou escrevendo no joelho e está um falatório que não me deixam concentrar.
Mas estamos todos pensando e secando. Água, água! Os caranguejos começaram a cavar, nós não estávamos tão lonje do brejo que sumia e um enorme
aluvião de barro nos arrastou e a tudo para uma ribanceira e no fundo havia água! Estamos tentando fazer novo brejo.